Lua Cheia em Peixes
Querido diário,
Que sonho estranho eu tive essa noite!
Estava mergulhada em um líquido espesso, quase um gel, em que eu nadava. Admirava as formas, as cores e os seres que ali habitavam.
Apesar dessa substância ser cristalina, a cada movimento, meu ou de qualquer criatura, uma onda iridescente era formada e reverberava longamente, criando uma sensação visual luminosa e única.
E cada onda criava um padrão diferente que, ao se chocar com uma onda anterior, se desviava ou se quebrava em várias partes menores que, por sua vez, interferiam no caminho das vizinhas, resultando em novas combinações distintas e infinitas. Claro que deve existir um matemático que reduza esses padrões a uma fórmula, mas eu prefiro chamá-los de caos.
Ali, envolta naquela desordem, sentia-me inteira e sem fronteiras. Tenho a impressão de que é assim que deveríamos nos sentir também fora do mundo onírico. Talvez seja essa a nossa busca, afinal, aqui neste plano: a sensação de inteireza, de apenas ser aquilo que se é, sem tentar caber.