Mês: outubro 2023

Mercúrio oposto a Júpiter / Mercúrio conjunto a Marte

Amigos,

Recentemente, visitei o restaurante Chez Jupiter que, vocês já devem ter ouvido falar, se apresenta como o novo oásis gastronômico de São Paulo. Logo na entrada, percebe-se um ambiente opulento com tons que se pretendem exuberantes, nas palavras da hostess, mas que, na verdade, não passam de exagerados e cafonas.

O cardápio, embora apresentado com pompa, carece de originalidade em sua execução. Como prato principal, optei pela sugestão do chef Dominic Olivera, um bife com molho de vinho tinto e cogumelos selvagens. Infelizmente, o sabor estava longe de corresponder às expectativas. O bife, embora de qualidade, pecava pela falta de tempero e pela uniformidade da textura, uma verdadeira decepção. Os acompanhamentos, legumes grelhados e purê de batata, não apresentaram nada que justificasse o alto preço. 

A carta de vinhos, embora extensa, não exibe nenhum destaque. É como um traje luxuoso, mas sem a personalidade que o justifique. Os vinhos servidos eram, na melhor das hipóteses, competentes, mas não memoráveis. A sobremesa, uma torta de chocolate negro e caramelo salgado, trouxe algum alívio à refeição. Contudo, seu sabor, embora agradável, não era suficientemente distinto para elevar a experiência como um todo.

Enfim, o Chez Jupiter parece apoiar-se na extravagância, mas a execução de seus pratos não acompanha essa promessa. A falta de originalidade e a relativa falta de sabor deixaram muito a desejar. Enquanto a atmosfera era opulenta, a comida em si não justificou o alarde. Como crítico, não posso deixar de expressar minha decepção com o que deveria ter sido uma experiência gastronômica intensa e inovadora.

Edgard Philippe

Lua em Áries – sem aspectos

Dra Sueli,

Eu queria muito marcar uma sessão extra, mas a senhora não me responde. Estou me sentindo abandonada. Parece que, de novo, estou dando cabeçadas para iniciar as coisas da empresa sozinha. Não entendo como é que as coisas caem sempre no meu colo. Se eu não faço, parece que as coisas não avançam. Eu tentei, como a senhora sugeriu, esperar que alguém tomasse as rédeas da última situação, mas passaram-se 5 minutos, 5 F*CKING minutos, e ninguém, eu disse NINGUÉM levantou a bund@ da cadeira para fazer alguma coisa. Aí o que que aconteceu? Fui lá eu, a trouxa, pegar a papelada e resolver, falar com advogado e cliente e tudo. 

Agora, como se não bastasse, veio a Vanessa com uma história de salada de fruta que eu não entendi nada. Ela sabe que odeio quando ela fala por metáfora, mas lá vem ela, me perguntando por que ela escolheria uma salada de fruta sem manga, sendo que ela adora manga. Depois, veio me dizer que eu proíbo ela de comer manga e eu juro, nunca falei de manga pra ela. Se ela quer comer manga, vai comer manga, o que que tem a ver a manga com a nossa briga da semana passada? Ela disse que é a mesma coisa: que estava muito bem sozinha comendo manga. Por que escolheria estar com alguém que a proibia de comer manga? Do que que ela tá falando, doutora? Por favor, me atenda. Preciso de um encaixe urgente!!

Att

Cristiane

Sol em Escorpião

Nota Mental

Só pra minha cara mesmo! Onde é que eu tava com a cabeça? Tinha que beber tanto, seu i.di.ot@? É pra aprender! Toma, distraído. E esse sol de rachar… P*rr@, esse deserto não acaba mais? E ainda tem a p*rr@ da floresta, mais um dragão… Se bem que, o dragão, eu tiro de letra. Só não quero encontrar aquela “mãe” “madrasta”, sei lá o que dela. Eu e essas doida que eu arrumo! Vai morar longe assim lá na casa do carvalho! Quem que mora em Interlagos? Ah, dane-se, se eu atravessar esse deserto, enfrentar a floresta da agonia, matar o dragão e escalar a torre e, tudo isso, ainda, virado do baile de ontem, não quero nem saber, vou pegar meu prêmio, custe o que custar, nem adianta vir com essa de dor de cabeça que não cola. Pra ficar postando foto na internet, não tem dor de cabeça, né? Pra ficar penteando aquele tanto de cabelo só pra fazer selfie, tá disposta. O que mais que ela quer? Mato um dragão por dia por ela e ela não me valoriza. Se precisa se sentir desejada por outros príncipes é porque não me respeita. Tento ajudar de todas as formas possíveis e recebo em troca o quê? Só ingratidão! Até a luz da torre eu troquei pra ela. Arrisquei a minha vida pelo conforto dela.

Nem sei por que que eu tô indo lá. Capaz de chegar e ela nem me deixar subir. Diz que gritei com ela. Nem gritei, só tava um pouco nervoso. Ela não entende… Ela me tira do sério… Eu não sou assim…  Fazer o que se minha voz é grossa? Agora vou ter que modular a voz pra falar com ela, então… Ir contra a minha natureza? Tá certo isso?

Mas hoje ela vai me ouvir… Hoje ela vai ter que me entender…

Cazimi de Mercúrio

Ex-amor,

Faz tempo, não é? Nunca imaginei que o procuraria por vontade própria e, na verdade, não o faço por vontade. É que, há algumas horas, tive um momento de iluminação, como se uma peça que faltava em um grande tabuleiro tivesse sido  colocada, e a imagem geral, finalmente, ganhado  sentido. 

Você sabe que tenho o costume de repassar atitudes, palavras e sentimentos mentalmente, até que façam sentido, até que descubra o que as  situações querem me dizer. Muitas vezes, consigo chegar a alguma conclusão; outras, não. Mas hoje, enquanto fazia nada (lavava uma louça), me dei conta de que venho te escolhendo de novo e de novo e de novo…

Pois é, acabei de perceber que, em cada encontro que tive, depois de você, você estava lá, por trás de um comentário bem-intencionado  de que não ficaria bem eu fazer tal coisa, pois as pessoas iriam falar, ou uma sugestão preocupada com aquilo que me cai melhor, afinal, determinada roupa não combina com a minha idade, nem batom vermelho, não é?  “É um tanto provocativo”, você dizia.

Sim, você estava lá quando, docemente, sugeriram que eu expunha meu corpo demais na internet, que eu parecia estar atrás de likes; quando disseram, em tom amigável e professoral, que era melhor ficar calada, pois uma mulher de opinião afugenta os homens e que falar palavrão não combina nada com esse meu rostinho lindo.

Quando, preocupado com o meu bem-estar, alguém aconselhou que eu procurasse um esporte menos “arriscado” para praticar, você estava lá; todas as vezes em que um homem, ao saber que moro sozinha, se sentiu “convidado” a fixar moradia em meu espaço, era você. Agora, eu vejo… E, porque vejo e porque sei que, se as coisas se repetem, é porque precisamos “ver”, no sentido de entender algo, é que venho até você: O que você ainda tem para me dizer? O que é que eu ainda não vi e que preciso enxergar para que você se vá? Onde é que eu estou me perdendo? Me mostre de uma vez! Por favor…

Lúcia

Lua em Sagitário

Querido primo,

Como estão as coisas por aí? Faz tempo que não tenho notícias de vocês. Eu também estive um pouco ocupada ultimamente. Não que eu quisesse estar, mas não foi por minha escolha. Sabe, Marcos, eu estive no fundo do poço. Não falei nada antes, porque nem eu mesma sei como é que fui parar lá. A sensação que tenho é de que se apagaram  as luzes e eu, atordoada, sem perceber o poço, caí lá dentro. Como poderia fazer qualquer coisa naquela situação? Nunca me senti tão sozinha…

E eu pensava em vocês, aí tão longe, e eu com tanta saudade. Passei dias encarando o invisível, conversando com ele. Tanto que até me pareceu que ele me ouvia e me acolhia.  Parece que, às vezes, precisamos mesmo de um poço para podermos ouvir nossas emoções. Depois de alguns dias naquele lugar, o invisível me contou que a palavra emoção quer dizer “colocar em movimento” e que estava na hora de eu procurar uma saída.

Sabe, Marcos, quanto mais personificamos o invisível, mais profunda se torna nossa relação com ele. Aprofundar essa relação foi o que me deu condições de sair daquele buraco.  Saio de lá depurada. Só trago comigo o que me é leve. As sombras, angústias e tristezas, deixei para trás. Enquanto me aqueço, escrevo esta carta para avisá-lo que em breve chegarei para visitá-los. Sinto que não quero mais perder tempo de vida. A partir de agora, aproveitarei cada minuto em aventuras, viagens e em companhia dos meus.

Morta de saudades de todos,

Agda

Eclipse Solar em Libra

Sr. fantasma que mora no meu armário,

Sei que não costumo notar sua presença, mas, quando as luzes se apagam, temos um aflorar de outros sentidos, o que me permite perceber que você ainda está aí. Por mais que as pilhas de blusas e vestidos aumentem, que os espaços fiquem cada vez menores, que as prateleiras de acessórios invadam outras, das calças ou das roupas íntimas, por exemplo, parece que você sempre arruma um jeito de se encaixar e permanecer. Não existe um lugar mais confortável para assombrar? 

O problema é que quando fica escuro é que eu consigo te enxergar melhor e parece que, com você, acontece o mesmo: você me enxerga através da escuridão. Talvez, para você, o fantasma seja eu…

Embora nossa convivência seja já de muitos anos, confesso que me sinto muito incomodada quando percebo que me observa. Às vezes, sinto um olhar inquisidor partindo da pilha de blusas. Em outros momentos, sou julgada pelas cores de roupa que escolho. Frequentemente, reparo um descontentamento em determinada saia ou calça, como se houvesse sempre um peso sobre mim, um sentimento de inadequação, de não ser suficiente… E eu sei que isso vem de você. Queria  entender se faz isso de propósito, se se diverte nesse tormento… por que é que você permanece? 

Então, gostaria de sugerir um acordo: e, se no apagar das luzes de hoje, nós nos encarássemos de frente, como nunca antes, olhos nos olhos, de maneira crua e sincera, até mesmo em desafio? Quem sabe, assim, consigamos entender o que nos une e, quem sabe, possamos seguir em frente, cada um em seu caminho? O que me diz?

No aguardo da resposta,

Raquel, a do lado de cá do armário.

Lua em Virgem, Júpiter em Touro – Trígono

Sofia, minha amiga,

Como é insalubre a vida da mulher nesses tempos, você não acha? Tenho pensado muito, nos últimos dias, em como somos cobradas para nos encaixarmos em padrões utópicos e cruéis. Me sinto tão desanimada…

Então, ontem, tomei uma decisão drástica, mas muito importante, e queria que você fosse a primeira a saber. Não pense que, para mim, foi fácil chegar a esse ponto, porque não foi. Você sabe que eu sou aquela que luta até o fim. Por isso, não me julgue. É que, na real, não estou mais suportando mesmo. É tudo tão complicado, Tantas exigências insanas, a pressão que recebemos de todos os lados…

É triste, minha amiga, mas cheguei à conclusão de que preciso me aposentar dos homens. Não tenho mais paciência. Sem saco pra ficar explicando o óbvio, pra gente que acha que vai entrar na minha vida, matar um dragão, me salvar e me levar pro seu castelo, como se eu já não tivesse o meu. Me salvar de que, pelamor? Que mania de achar que tem que chegar na vida do outro causando estardalhaço, que tem que mudar tudo, que o outro nunca foi feliz, porque o alecrim dourado ainda não havia chegado. Estou cansada de explicar que meu coração não é terra de ninguém, que não havia um deserto aqui antes dele chegar, que ele não pode invadir as terras dos meus sentimentos, fincar uma bandeira e tomar posse. 

Sabe, queria tanto que alguém chegasse de pantufa, pisando mansinho, cuidando pra não derrubar nada, falando baixinho pra não acordar o ranço… Mas parece que os homens aprendem masculinidade nesses filmes de Hollywood , que têm uma explosão a cada cinco minutos.

Eu só quero silêncio.

Francisca

Lua em Leão, Vênus em Virgem

Pina, meu amor,

Cheguei ontem ao hotel, meu corpo ardendo de desejo, achando que te encontraria hoje, mas me informaram que você partiu. Corri para te encontrar, avistei-a de longe, mas não fui capaz de te alcançar. Por que partir assim? Não sabia que eu viria? Nem um bilhete, nem um telefonema, nem uma explicação? Parece mesmo que te perdi. Acabaram-se nossas noites apaixonadas? Nossas conversas entusiasmadas, nossos passeios incríveis? 

Uma pena terminar assim. Daqui onde estou, não te vejo e não te sinto. Me disseram que você está em busca de algo novo, mais razoável, previsível, incolor, insípido, talvez um amor organizado, regrado, limpinho, asséptico, com hora para começar e hora para terminar… 

Coisa que não posso dar, não é mesmo? Pois meus sentimentos, você sabe, são puro instinto de fera, carnais e suculentos, amor para todos os sentidos, sem pudor e sem vergonha. Não sei amar pouco, não sei entregar pouco. Ou me lambuzo, ou nem começo. Essa coisa de fazer amor sem transpirar, não dá pra mim. Não sei e não quero me conter.

Mas, quer saber? É isso mesmo que você procura? Então, espero que encontre essa frieza e secura que está procurando e que, de alguma maneira, seja feliz assim. Quem sabe, um dia, nossos caminhos se cruzem novamente e, talvez, eu possa entender o que aconteceu. Meus sentimentos não mudaram, tampouco mudou meu amor-próprio.

Adeus.

Bárbara

Lua em Câncer quadrada a Mercúrio em Libra / Lua em Câncer em trígono a Saturno em Peixes

Luzia querida,

Sei que você anda muito aflita por causa da sua relação com o Alexandre e eu queria, se você me permitir, sugerir que tenha um pouco de paciência. Embora você possa sentir que investe mais nesse relacionamento do que ele, lembre-se de que o amor tem muitas faces e, nem sempre, a que se apresenta condiz com as expectativas que criamos.

Escute a sua nona, pois eu falo do futuro, minha querida, e conheço o lugar onde você está. Também conheço as profundezas das emoções, a intuição e a empatia. Sei que o Alexandre mudou, mas dê um tempo a ele. Tenho fé de que ele compreenderá que as relações e conexões genuínas são tão importantes quanto as palavras que, agora, ele sopesa antes de dizer. 

Às vezes, as mensagens mais valiosas não estão nas palavras ditas, mas nas entrelinhas da comunicação. Preste atenção ao que ele diz sem o uso das palavras. Sem pressa, apenas observe, com cuidado e consideração. Se, depois disso, você ainda entender que os sentimentos dele mudaram, aí então, chame-o para uma conversa franca e direta. Não há porque adiar o inevitável. E, se precisar de colo, estarei aqui.

Sua nona,

Samantha

Lua e Vênus em Quadratura

Querida Nice,

Fiquei surpresa ao receber o convite para o seu aniversário e, ao mesmo tempo, feliz por entender que você está deixando o passado para trás. Não faz sentindo cultivar um sentimento de rivalidade após tanto tempo. Saiba que, de minha parte, nunca levei a sério os impropérios que você dizia a meu respeito. Algumas coisas, querida, nem são questão de competição. Algumas coisas simplesmente são.

É claro que faço questão de comparecer a este glorioso evento e já estou aqui pensando em um presente incrível, pois você merece. Talvez um vestido de cor viva para realçar essa sua pele branquinha e pálida… Acho que um vermelho pode ajudar a disfarçar um pouco das olheiras. O que acha? Definitivamente, você deveria usar mais vermelho. Deixe comigo, vou escolher um modelo bem adequado, não muito justo para não marcar ainda mais o seu quadril que já é um pouco largo demais. Não queremos ressaltá-lo, não é mesmo? Um belo detalhe na cintura ajudará a disfarçar os quilinhos a mais que, percebi, você tem exibido nos últimos tempos. É uma pena que não calçamos o mesmo número, porque ganhei do Francisco, meu marido, um par de sapatos vermelhos de cetim, deslumbrantes. Combinariam perfeitamente com o vestido que estou imaginando. 

Mas meu pés são muito delicados. Uma pena que os seus sejam tão maiores, senão poderia emprestá-los. Bom, querida, se precisar de algumas dicas ou companhia para preparar a festa, pode contar comigo. Adoraria dar alguns pitacos para garantir o sucesso do seu dia.

Tenho certeza de que você saberá a quem pedir ajuda para vestí-la em uma data tão importante. No convite não há informação sobre, mas acho que me lembro bem, 40 anos, não é? Quem diria! Até que você está bem para a idade. Sério mesmo! Às vezes, me pego imaginando como será comigo quando eu chegar até aí. Será que estarei mais sábia? Um dia saberei, mas ainda demora. Ufa! Bem, vou ficando por aqui. Aguardo seu chamado!

Beijinhos da amiga

Graça