Lua em Leão
Lindagmar, amada,
Quando se nasce leoa, você sabe, nasce-se com um desarranjo, uma inquietação, um não-sei-quê que insiste em querer escapar, como se houvesse, dentro da gente, uma fome de bicho que precisa romper a pele e procurar o seu lugar ao Sol.
Nascemos com um “devir” que deve ser conquistado a cada dia, a cada passo. O devir e o dever do amor-próprio. Porque amor-próprio se constrói. Se constrói de e apesar de partilhas, escombros, pedaços, cobranças, incertezas, desejos, amores e desamores, de ilusões, sonhos e pensamentos, de relações com os outros e com a gente mesma, de frustrações, expectativas, desenganos e vitórias.
E, quando finalmente nos encontramos em nós mesmas, cabemos perfeitamente no corpo que habitamos, saciamos a nossa fome, dominamos o nosso bicho e entendemos que, ao fim, o destino não é uma questão de brilhar, mas sim de iluminar e aquecer, de cuidar e nutrir, de agregar e reunir.
Quando uma leoa descobre em si o amor-próprio, ela sozinha contagia todos à sua volta. E, quando duas ou mais se encontram, até o Sol brilha mais forte.
Esta não é, portanto, minha amiga, uma carta, e sim, uma convocação: vamos rugir para reunir o bando.
ROARRRR
Nina

