Vênus em Peixes
Carta aberta ao amor
Caro amor,
Há quanto tempo não nos vemos… Em que ponto da viagem nos perdemos?
Estou chegando cansada. Passei por caminhos secos e pedregosos, por uma fome entranhada, um desapego, uma desesperança.
Mas agora que nos reencontramos, quero fazer um pacto contigo: enquanto eu estiver aqui, nas terras férteis de Júpiter, quero que me ofereças a matéria prima do autoamor.
Enquanto eu estiver nadando com os Peixes, prometo a mim mesma:
Cuidar mais de mim.
Ser mais gentil com meus defeitos, pois são eles que me fazem única.
Prometo me dar o direito de chorar, mesmo que o mundo queira que eu me cale.
Prometo silenciar os pensamentos para voltar a ouvir o chamado da minha alma.
Prometo não mais me calar perante aqueles que exigem de mim coisas que nem eles são capazes de fazer.
Prometo não aceitar mais quando pedirem que eu anule a minha vida em favor de quem pode fazer por si mesmo.
Prometo dançar mais.
Prometo ouvir mais podcasts e conversar mais com as amigas.
Prometo pedir colo e me deixar desabar, porque ser forte também cansa. Aliás, prometo não ser forte o tempo todo. Prometo descansar.
Prometo me cercar de pessoas que sejam, para mim, como espelhos amorosos, que me incentivem e me acolham.
Prometo ouvir mais o barulho das folhas nas árvores em dias de vento.
Prometo tomar banhos de chuva.
E andar de pés descalços.
Prometo a mim mesma visitar a menina que um dia eu fui e acolhê-la.
Direi a ela: “Eu vejo você. Nós conseguimos. Chegamos até aqui. Está tudo bem”.
Prometo olhar para o meu reflexo no espelho e dizer bem alto: eu te amo.
Prometo vestir as roupas que eu gosto, as cores que eu gosto, sem me preocupar com a opinião alheia.
Prometo rir de mim mesma e me sentir ridícula de vez em quando. Beber mais vinho, rir até a barriga doer, falar besteira, esquecer o celular.
Porque, a partir de hoje eu só quero o que for leve, o que for recíproco, o que for de verdade. Só o que me faz bem.
Da sempre sua,
Vênus