O Resgate da Vênus

O resgate da Vênus - Retrato com destaque a um botão de rosa vermelha cobrindo os olhos da modelo.
O resgate da Vênus – foto: Edna Froes | modelo: Patrícia Dorileo

Um ascendente sob a influência de Vênus e com um toque de Marte (por termos). Vênus, a PEQUENA BENÉFICA, encontra-se em Sagitário, signo regido por Júpiter, o GRANDE BENÉFICO. Por signos inteiros, essa Vênus está na oitava casa, um espaço considerado sombrio, pois não é visível ao ascendente e está ligado a temas profundos e desafiadores. No entanto, ao abrirmos o mapa por outro sistema de casas, essa mesma Vênus surge na sétima casa, a casa do outro, uma posição angular e, portanto, muito mais potente.

imagem gráfica de uma mapa astral, mostrando Vênus em Sagitário na casa 8
Mapa astrológico: Vênus em Sagitário na casa 8


Eu sempre escolho interpretar o mapa por signos inteiros, mas não posso ignorar a informação de que, em outro sistema, essa Vênus ganharia uma posição angular. Para mim, ela está na oitava, mas, vez ou outra, faz visitas à sétima.

O resgate da Vênus - Foto em preto e branco de alto contraste
O resgate da Vênus – foto: Edna Froes | modelo: Patrícia Dorileo


Diante de configurações como essa, me questiono: por que essa alma precisou ou ainda precisa se esconder? Do que ela foge? Por que se oculta? Que circunstâncias, descritas em seu nascimento, a colocaram lá? E me pergunto também se não é o momento de devolver a essa Vênus a sua angularidade, a sua força.

Retrato colorido com detalhes em vermelho no batom e no botão de rosa
O resgate da Vênus – foto: Edna Froes | modelo: Patrícia Dorileo


Afinal, não se trata de uma Vênus qualquer. É de uma Vênus em Sagitário que estamos falando, um signo de fogo. É a Deusa do amor, cavalgando, nas vestes da liberdade e do conhecimento.
Ao observar o mapa da Patrícia, a primeira coisa que me veio à mente foi: preciso tirar essa Vênus daí. Preciso devolver a ela a liberdade, a confiança e o fogo que lhe são inerentes. Foi então que, movida por essa necessidade de resgate, sugeri à ela uma sessão de fotos vibrante, colorida, intensa, com tons vermelhos como brasas ardentes. E olha que eu, que sempre prefiro fotos em preto e branco e conheço as dificuldades de trabalhar com o vermelho na fotografia, me vi impulsionada a propor justamente isso.

foto com modelo em primeiro plano segurando um ramo de flores vemelhas em frente ao rosto
O resgate da Vênus – foto: Edna Froes | modelo: Patrícia Dorileo


A Paty, maravilhosa como sempre, topou na hora. E o resultado foi mágico: cada clique capturou não apenas sua imagem, mas sua essência — a coragem, a intensidade e a força que ela carrega.

foto colorida de meio corpo com destaque para a cor vermlha dos acessórios e roupa
O resgate da Vênus – foto: Edna Froes | modelo: Patrícia Dorileo


Nós, seres humanos, somos essencialmente relacionais, forjados a partir do olhar do outro. É esse olhar que valida ou não a imagem que temos de nós mesmos. Para que eu seja rainha, por exemplo, preciso que os súditos me enxerguem como rainha. Não adianta comprar uma coroa e me intitular rainha se os outros não reconhecerem a soberana em mim. É por isso que a fotografia pode ser uma ferramenta poderosa de empoderamento e libertação. Não há nada mais transformador do que se ver a partir da perspectiva de um outro — especialmente quando essa perspectiva é empática e generosa.

O resgate da Vênus -retrato que privilegia a cor vermelha
O resgate da Vênus – foto: Edna Froes | modelo: Patrícia Dorileo


Aproveito essa deixa para perguntar a você que me lê: a que olhares você tem se submetido? São olhares amorosos ou condenatórios? São perspectivas que torcem por você ou que te subjugam? Que celebram suas conquistas ou menosprezam seus avanços? Meu conselho (se me permite) é: escolha os olhares que te acolhem e validam. Escolha estar perto de pessoas generosas e amorosas, que não se sentem ameaçadas pelo seu brilho, ao contrário, que se inspiram em você para brilhar também. Você tem o direito de escolher quem caminha ao seu lado.

O resgate da Vênus - foto: Autorretrato com Patrícia Dorielo
O resgate da Vênus – foto: Autorretrato com Patrícia Dorileo


Meu desejo é que essa experiência fotográfica tenha mostrado à Paty, mesmo que seja apenas uma fração, o encantamento que ela é capaz de produzir. Que ela possa carregar consigo a certeza de que sua coragem não apenas existe, mas contagia todos ao seu redor.

Edna

O resgate da Vênus - foto em pb: Edna Froes | modelo: Patrícia Dorileo
O resgate da Vênus – foto: Edna Froes | modelo: Patrícia Dorileo

Três vozes, uma história

Desvendando narrativas através da fotografia e da astrologia

Diziam os antigos que, antes de nascermos, antes de atravessarmos o rio do esquecimento, nos é permitido escolher quem narrará nossa história. A maioria de nós escolhe um só narrador, embarca na travessia de Caronte e desce à Terra por um dos doze portais. Mas há almas que, seja por dúvida ou por destinarem-se a caminhos mais intricados, não se contentam com um único contador de histórias. Escolhem logo dois, três, talvez mais. E é assim com a Dani.

Suspeito que ela, com seu ascendente em Virgem, quis assegurar que nenhum detalhe escapasse. Por isso, escolheu não um, mas três Almútens — narradores —, incluindo a si mesma, para tecer sua história. E agora me pergunto: como três vozes coexistem ao contar a mesma vida? Cada uma traz sua versão? Competem entre si, defendendo suas verdades? Ou será que se alternam, cada uma assumindo o fio narrativo em momentos distintos?

A verdade é que a Dani tem três narradores: Mercúrio (ela mesma, a mãe e o trabalho), Júpiter (o pai, os relacionamentos e os amigos) e Vênus (as viagens, o estrangeiro, os oráculos e tudo que a sustenta). Cada um deles traz uma perspectiva única, um olhar que se entrelaça com os outros, mas nunca se confunde.

Mercúrio-Dani é movimento. Seu corpo não para, seus pés buscam deslocamentos, por menores que sejam. E, no entanto, há também um interesse profundo pelas raízes. Parece paradoxal, não? Alguém que ama tanto partir também desejar criar um lar. Mas talvez não seja. A casa 4, da ancestralidade, nos fala de onde viemos e para onde voltaremos. Uma alma errante precisa conhecer suas raízes para saber de onde partiu e para onde retornará. Mercúrio-Dani será a voz que narrará a volta para casa, o reencontro com o ponto de partida. Será ela quem fará o balanço da existência, separará os detalhes e plantará novas sementes.

Júpiter, por sua vez, vê a vida da Dani através das lentes dos relacionamentos. Para ele, ela ocupa a casa 10, o ápice do céu, o lugar do sucesso e do reconhecimento. Sua narrativa é tingida de admiração. Mercúrio está na 10 de Júpiter, no ponto mais alto, onde tudo brilha com maior intensidade.

Mercúrio e Júpiter falam daquilo que é familiar. Mercúrio é a voz que narra o cotidiano, os detalhes miúdos, o trabalho, a busca por reconhecimento e o retorno às raízes. Júpiter, por sua vez, vê a vida da Dani através das lentes dos relacionamentos. Juntos, Mercúrio e Júpiter contam daquilo que é conhecido, seguro, previsível — o chão que se pisa, as pessoas que se ama, os laços que se fortalecem.

E Vênus? Vênus fala do estrangeiro. Do que é estranho, distante, desconhecido. Vênus é a voz que narra as viagens, os encontros com o diferente, os estranhamentos que nos transformam. É ela quem conduz a Dani a lugares distantes, a culturas que desafiam suas certezas, a experiências que a fazem crescer. Vênus não entra na história — Vênus já está nela. É o agora. E aqui me surpreendo com a literalidade da Astrologia, pois Vênus é o planeta da concórdia, da harmonia, das artes, dos amores e da beleza. E não é surpreendente que alguém sob sua influência queira se ver retratada em uma sessão fotográfica? Há algo mais venusiano do que isso? Quando propus unir Astrologia e Fotografia, a Dani foi a primeira Vênus a erguer a mão. “Quero fotos artísticas e autênticas,” disse. E faz todo sentido: estamos falando de uma Vênus de fogo, uma Vênus em Sagitário, uma Vênus cavalar, que não teme se expor, que ama a liberdade e desafia convenções.