Compêndio da Criação, Entrada #4: A Loba da Névoa – a Fome da Alma

Imagem de referência da Loba da Névoa, figura simbólica de La Bruja

Se o mapa do eclipse é a lei que governa este universo, a Loba da Névoa é a figura que atravessa seus limites. Ela é o mistério central de La Bruja, a chave que liga a dor interior de Catarina à crise cósmica que se desenrola na floresta de Protéa. Para o leitor, ela é uma sombra, um vislumbre do instinto que foi reprimido; para a tradição, ela é o reflexo da Lua, o corpo celeste que comanda as marés e leva as mensagens.

O Vazar da Fronteira

A Loba é a materialização do que é invisível, sendo a própria Mensageira que transita entre as dimensões. Ela não é uma criatura que pertence inteiramente ao mundo visível, mas uma imagem que vaza para a realidade de Catarina.

  • Aparência: Catarina a percebe na visão periférica. Sua forma é imprecisa, uma brisa ou uma criatura cinza, etérea e esquálida. Ela se desfaz em suas bordas, como fumaça, deixando um rastro de si por onde passa, e seu rastro torna o ar levemente turvo.
  • Comunicação: Ela não fala com palavras; a sua comunicação é sentida por Catarina no corpo, manifestando-se como uma dor no osso esterno.
  • Motivação: A presença da Loba da Névoa é uma reação direta ao desespero. Ela é faminta e esquálida, sendo forçada a sair de seu refúgio na floresta de Protéa para buscar alimento para seus filhotes igualmente famintos. A loba só se torna visível para Catarina porque a fome de seu mundo interior se tornou insuportável.

O Sismógrafo do Trauma

A loba da Névoa é a própria essência instintiva. Sua natureza, assim como a Lua, é inconstante, e ela age como um cão ferido.

  • O Prenúncio: O seu movimento é um prenúncio de algo. Ela surge sempre que algo na floresta de Protéa e na vida de Catarina se agitam. O ruído de uma pedra rolando no precipício de Protéa é o que a faz aparecer, atestando que a crise de Catarina é um reflexo direto da crise em outro lugar.
  • O Olhar Enganoso: Mesmo quando Catarina sente que está sendo observada, a loba está apenas olhando algo na floresta. Para ela, o mundo visível de Catarina é apenas uma sobreposição, reforçando a natureza separada e assombrada de sua existência.

O Arco Oculto

A jornada da Loba é a própria narrativa de cura, traçada pelas quatro fases da Lua.

  1. Lua Nova (Início da Crise): Ela está em sua forma mais frágil e oculta. O eclipse é o ponto de partida, o mergulho na escuridão, onde a Loba é uma presença esquálida e temida.
  2. Lua Crescente (Busca e Confiança): A luz começa a retornar.
  3. Lua Cheia (O Ápice): O ponto de máxima iluminação e revelação.
  4. Lua Minguante (Liberação): O ciclo se encerra com a morte simbólica do aprisionamento, quando a Loba se liberta. Sua busca por alimento termina, e ela volta para casa.

A Loba da Névoa é, portanto, o motor misterioso da história: a criatura que, em seu desespero por sobreviver, força Catarina a segui-la para encontrar a fortuna e, assim, completar sua jornada. O que ela encontrará ao final dessa perseguição, e como isso irá curar a sua fome, é o grande segredo a ser revelado.

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Compêndio da Criação, Entrada #3: Catarina, o Sol eclipsado

Catarina, o Sol eclipsado — personagem de La Bruja, envolta pela sombra do eclipse.

Se Protéa é a alma ancestral que zela pelo destino, Catarina é o Sol, a força jovem e impulsiva cuja crise existencial desencadeia a trama de La Bruja. Este universo não é apenas uma fantasia; é uma descida ao coração da psique de uma jovem que, aos 16 anos, se encontra no limiar da depressão.
A história de Catarina não é um relato sobre mundos distantes, mas sobre o mundo como ela o vivencia. Quando a encontramos, sua realidade está progressivamente se tornando um “mundo cinzento” onde a indiferença, a solidão e o vazio dominam.

O Mapa Natal: A Realeza em Exílio

A essência de Catarina é ser a protagonista de sua própria história, uma condição determinada pelo seu Ascendente em Leão, regido pelo Sol. No entanto, ela vive um período de sombra. Seu mapa natal, eleito para 17 de agosto de 2009, em Curitiba, revela as forças que a aprisionam:

O Eclipse Pessoal: Seu Ascendente está no 20º grau de Leão, o ponto exato onde ocorrerá o eclipse solar em 2026, dias antes de ela completar 17 anos. Esse alinhamento fatídico transforma o evento cósmico em um trauma de origem pessoal, marcando o dia do eclipse como o dia de sua crise.

O Vazio e a Casa 12: A causa astrológica da profunda solidão e do desamparo de Catarina é o posicionamento de sua Alma (a Lua) na Casa 12. A Casa 12 é o lugar das prisões, das limitações e dos inimigos secretos. Essa posição é a origem de sua sensação de isolamento extremo, pois sua alma é marcada pela ausência prévia de contato com outros planetas, reforçando uma jornada que ela sente ser solitária.

A Mãe Oculta: Sua Mãe (Vênus) também está exilada e cativa na Casa 12. A mãe, por sua vez, é uma guardiã inconsciente de um segredo ancestral, reagindo instintivamente à filha na tentativa de negar as próprias intuições. O trauma familiar se manifesta fisicamente em Catarina como uma “pressão na caixa torácica“.

A Realidade Subjetiva e a Crise

A realidade de Catarina é filtrada por sua dor. O trajeto pelo Jardim Botânico, sua rota diária, se torna o limiar dessa realidade sombria e interior. As raízes das árvores que ela ama, agora parecem ser um labirinto perigoso e sufocante.

A Solidão Funcional: O leitor, através dos olhos de Catarina, é introduzido em um mundo onde as pessoas ao redor não validam seus sentimentos, refletindo a verdade de seu estado interior.

A Loba, a Alma Vazia: A manifestação física desse sofrimento é a Loba da Névoa, sua alma ferida, percebida apenas na visão periférica como uma criatura cinza, etérea e esquálida. Ela peregrina em busca de alimento, expressando a fome da alma da própria Catarina.

Guias e Adversários no Labirinto
A crise força o aparecimento de forças que guiarão a jovem (e a perseguirão) em sua jornada para restaurar a integridade de seu Self.

Maurício, o Andarilho: O Cozinheiro andarilho, Maurício (Marte em Gêmeos) é o mentor dúbio de Catarina. Ele é o único que a , e usa seu intelecto (Gêmeos) para armar armadilhas verbais e enigmas que a forçam a agir. Sua intenção é caçar a Loba da Névoa para fazer uma deliciosa caçarola.

Protéa e a Voz Distorcida: Protéa, a antiga sacerdotisa e guardiã da floresta do Monte Cabezón, tenta se comunicar, pois não está totalmente separada de Catarina, utilizando sua sabedoria (Júpiter) para alcançá-la.

A Chave da Salvação: A cura do Sol de Catarina depende de sua coragem em seguir os sinais e confrontar o predador.

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Compêndio da Criação, Entrada #2: Protéa, a Guardiã do Tempo Profundo

Depois de vislumbrarmos o instante em que os mundos de Protéa e Catarina se tocaram sob a sombra do eclipse, é hora de mergulharmos nas profundezas de quem são essas protagonistas. Começamos com a figura que é o ponto de ancoragem de toda a narrativa, a alma ancestral que zela pela teia do tempo: Protéa. Para compreendê-la, precisamos olhar para o céu que a concebeu.

Na dramaturgia celeste de La Bruja, Protéa é a encarnação do planeta Júpiter, o grande benéfico. Conhecido como o “Segundo Sol”, Júpiter representa a magnificência, a sabedoria, a proteção e a expansão. Ele é a força que promove a temperança, a harmonia e os ideais elevados. Protéa, portanto, não é apenas uma bruxa; ela é uma força cósmica de equilíbrio, a guardiã destinada a proteger não só a floresta, mas a própria alma de Catarina.

O Domínio da Guardiã: A Floresta e o Tempo Profundo

Protéa habita a Floresta do Monte Cabezón, na Cantábria, um lugar limitado por um precipício rochoso onde o tempo se manifesta de forma física. Sua casa, pequena e camuflada por musgo por fora, revela um interior imenso e acolhedor, com um grande salão iluminado por um lustre de cristais e repleto de objetos ritualísticos. O centro de seu poder é uma grande janela circular de onde é possível contemplar o céu sem interferências, seja dia ou noite, permitindo-lhe “espreitar o universo”.

Sua relação com o tempo é a sua característica mais definidora. Ela é um ser que transcende todas as instâncias. O tempo, como o conhecemos, não existe para ela; tudo acontece no “agora“: o passado, o futuro e o espaço entre eles. No entanto, sua função está ancorada na Terra, e ao “descer de sua esfera celeste”, seus poderes tornam-se limitados, sujeitos às leis do nosso planeta. Embora seja “aquela que tudo sabe”, essa limitação faz com que, às vezes, ela só consiga “prever somente o sintoma, não a causa”.

O Mapa Celestial de Uma Alma Ancestral

Para dar profundidade a uma alma tão antiga, seu mapa de nascimento foi eleito em um tempo distante: 27 de julho de 948 d.C.. Este mapa revela os pilares de sua essência:

  • Um Stellium na Casa de Deus: Protéa nasceu com uma extraordinária reunião de planetas (Mercúrio, Sol, Vênus, Júpiter e Saturno) na Casa 9, a casa da espiritualidade, dos oráculos, das jornadas e da sabedoria superior. Este alinhamento a consagra como a profetisa por excelência, a “guardiã dos oráculos” e a mentora destinada a guiar a alma de Catarina em sua busca pela verdade.
  • O Destino de Guardar Tesouros: O Meio do Céu (MC) de Protéa, o ponto que indica seu propósito no mundo, está em conjunção com Thuban, a estrela alfa da constelação de Draco, o Dragão que guardava o Jardim das Hespérides. Essa estrela destina a Protéa o papel de guardiã de “grandes tesouros”, que podem ser tanto materiais quanto espirituais. No caso dela, o tesouro é a própria floresta, um lugar considerado o “coração do mundo”, cujas árvores guardam a história da criação em suas cascas.
  • A Estrela da Paciência e Obstinação: No mapa do Eclipse disparador da nossa história, seu Júpiter está em conjunção com a estrela Asellus Australis, o “burro do sul”. Segundo a lenda, os zurros dos burros desta constelação espantaram os titãs, e os deuses, em gratidão, os elevaram aos céus. Esta estrela confere a Protéa uma personalidade caritativa e acolhedora, mas também a obstinação e a paciência de um burro, qualidades essenciais para proteger a alma da floresta através dos milênios.

Protéa em Ação: A Guardiã no Dia do Eclipse

No dia 12 de agosto de 2026, a paz de Protéa é abalada. Ela observa o céu e suas mandalas, e sabe que algo está incorreto. Ela sente um “assentamento de tempo” quando uma grande pedra rola pelo despenhadeiro. O ar sofre uma “paralisia”, e ela sabe que as árvores se comunicam em resposta a um perigo iminente.
Consciente de que o eclipse que se aproxima permitirá que “algo maligno ganhe força”, ela não se desespera. Com a paciência de Asellus Australis e a sabedoria de seu mapa, ela age. De volta ao caldeirão, em meio a uma “bruma fétida” que inunda o ar, ela entoa “cantos antigos com o objetivo de anestesiar e adormecer a mata“. E, enquanto o faz, repete para si mesma o mantra que é sua maior ferramenta de poder, a âncora que a impede de se perder nas trevas que se avizinham.
Protéa é, portanto, a personificação da sabedoria selvagem e ancestral. Ela é a curandeira que conhece os ciclos, a guardiã que não se dobra ao medo e a mentora que, mesmo com poderes limitados, usa seu conhecimento profundo para proteger a vida. É ela quem tece, a partir do seu mundo atemporal, os fios que guiarão Catarina em sua jornada de volta à própria alma.

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Compêndio da Criação, Entrada #1: O Mapa Fundamental

Na nossa primeira incursão no processo de La Bruja, testemunhamos o instante em que dois mundos se tocam. Vimos Protéa, na sua floresta, preocupada com um “assentamento de tempo”, e Catarina, num parque urbano, sendo seguida por sombras e ouvindo um sussurro que a chamava pelo nome. O fio invisível que une estes dois momentos, a força que está prestes a abalar as suas realidades, é um evento real: o eclipse total do Sol de 12 de agosto de 2026.

Este evento não é apenas o pano de fundo da história; ele é a sua semente, o seu DNA. Antes de qualquer personagem ser concebido, este mapa foi eleito como o “mapa fundamental“, o ponto de partida a partir do qual toda a trama, tempo, espaço, conflito e protagonistas, seria construída. Vamos observar juntos este céu que dispara a história.

Mapa do eclipse solar de 12 de agosto de 2026 em Leão, Casa 8

O Cenário do Conflito: A Casa 8, o Portão do Hades

A primeira coisa que nos chama a atenção no mapa do eclipse, levantado para as 14h36 do dia 12 de agosto de 2026, é o seu palco. O Sol e a Lua encontram-se no 20º grau de Leão, e este encontro ocorre na Casa 8.

Na tradição astrológica, um eclipse já é, por si só, um “fenômeno perturbador da ordem celeste”, um presságio de catástrofes. Quando ele acontece na Casa 8, o seu potencial dramático é amplificado ao extremo. Esta é uma Casa “desprovida de luz, escura e sombria”, associada aos mortos e conhecida como o “portão de entrada do Hades”. É o lugar onde o Sol, o doador da vida, simbolicamente morre todos os dias ao iniciar o seu mergulho para o submundo.

Este cenário astrológico fornece a atmosfera exata para a nossa história: o eclipse não trará apenas uma escuridão física, mas arrastará tanto a floresta quanto Catarina para um cenário de “aflições, perdas, lutos, angústias e preocupações”.

Os Atores Reunidos nas Trevas

O mapa revela que os nossos protagonistas já estão reunidos neste palco sombrio. Juntamente com o Sol (Catarina) e a Lua (a floresta/alma), encontramos na mesma Casa 8 os planetas Júpiter (Protéa, a bruxa-sacerdotisa) e Mercúrio (um animal mensageiro, o gato Deimos). Esta reunião de forças na casa da morte indica que todos os elementos centrais da trama estão intrinsecamente ligados a este evento de crise e transformação.

O eclipse acontece no signo de Leão, um “signo animal”, o que, segundo o astrólogo antigo Rhetorius, “causará danos em terras e animais selvagens”. Esta é a correspondência direta com a “noite sem fim” que se abate sobre a floresta de sequoias e com a doença que se espalha entre os seus habitantes.

O Acordo Ancestral: A Mão de Saturno

O mapa revela, no entanto, que este não é um evento de caos aleatório. A força mais poderosa e antiga da nossa história também está presente, a reger o drama por trás das cortinas: Saturno.

Saturno, o “grande maléfico”, está posicionado na Casa 4, a casa dos ancestrais, do pai e “do pó de onde viemos e para onde voltaremos”, e aspecta o grau do eclipse por um trígono. Na linguagem astrológica, um trígono é um aspecto de harmonia, de cooperação. A interpretação para a nossa trama é crucial: há um “acordo” entre a força ancestral (Saturno) e o evento do eclipse.

Este Saturno está retrógrado no signo de Áries, o que sugere “um retorno de situações ancestrais que devem ser finalizadas para dar início a um novo ciclo”. Ele representa a voz da ancestral, Ayvu Aramê/Theresia Greus, que usa a ocorrência do eclipse para quebrar um ciclo de dor de sete gerações.

Além disso, a presença de Saturno neste “acordo” tem consequências diretas. A tradição afirma que, quando Saturno aspecta um eclipse, ele causa “doenças saturninas e mortes”. Entre as doenças saturninas, encontramos a depressão, os envenenamentos e a asfixia. É exatamente isto que acontece na história: Catarina é arrastada para um quadro de profunda depressão, e a floresta é mergulhada numa “névoa tóxica”.

O mapa fundamental, portanto, não é apenas um ponto de partida. Ele é a sinopse completa de La Bruja, escrita na linguagem do céu. Ele nos mostra:

O Conflito: Uma crise de escuridão e morte (Eclipse na Casa 8).

O Cenário: Uma terra selvagem que adoece (Signo de Leão).

Os Protagonistas: A menina, sua alma e sua guia, todas reunidas no coração do problema (Conjunção em Leão).

A Causa Oculta: Um trauma ancestral que exige resolução e que usa o próprio eclipse como ferramenta (Saturno em trígono da Casa 4).

Nas próximas entradas do nosso Compêndio, iremos nos aprofundar nos mapas individuais das personagens que nasceram sob a influência deste poderoso e fatídico evento. Começaremos com a guardiã que o observava desde a sua janela circular: Protéa.

Este conteúdo faz parte do universo La Bruja. É destinado a uso pessoal e não pode ser reproduzido sem autorização. A partir da quinta publicação, apenas assinantes terão acesso exclusivo.

A Conexão entre Mundos: A Jornada de La Bruja

A Floresta do Monte Cabezón

Na manhã de 12 de agosto de 2026, Protéa, a sacerdotisa, observa o céu através de sua janela circular. Algo em suas mandalas parece incorreto. Mais cedo, ouviu-se o som de uma pedra rolando pelo despenhadeiro, um sinal claro de um “assentamento de tempo“. O ar sofre de um tipo de paralisia; não há vento, mas as folhas das árvores farfalham estranhamente, como se estivessem se comunicando.

Protéa conhece os sinais. “Nenhuma pedra rola por acaso”, e a que rolou esta manhã bloqueou o já escasso filete d’água no fundo do precipício. Ela sabe que a combinação de oráculos e a magnitude dos planetas envolvidos no eclipse que se aproxima sugerem que algo maligno ganhará força. O tempo, para ela, não existe como o conhecemos. No entanto, sua função está ancorada na Terra, e suas habilidades são restritas. Às vezes, como agora, “é possível prever somente o sintoma, não a causa”.

O ar adensa-se, inundado por uma “bruma fétida”. De volta ao caldeirão, ela entoa cantos antigos para adormecer a mata, repetindo para si mesma como um mantra: “Sempre que entrar nas profundezas, pense nas alturas”.

Imagens de referência para a floresta – fonte: Pinterest

O Jardim Botânico

Ao mesmo tempo, a milhares de quilômetros de distância, uma adolescente chamada Catarina caminha por sua rota preferida no Jardim Botânico. Ela se demora a observar as sequoias, os seres vivos mais antigos do planeta. Suas raízes pouco profundas se espalham e se entrelaçam, formando uma “rede intrincada de cooperação mútua”. É ali, nesse emaranhado, que há algum tempo Catarina tem vislumbrado o que ela chama de loba: uma “criatura cinza, etérea e esquálida” que aparece em sua visão periférica.

Imagens de referência para o Jardim Botânico – fonte: Pinterest

A presença da loba é sentida no corpo, “como uma pressão na caixa torácica, mas disforme, sem palavras que possam descrevê-lo”. Catarina se sente como aquela “raiz desgarrada de sequoia”, que se afasta da rede sem que as outras reparem. De repente, um ruído que parece vir de dentro da fonte soa como o “desprender de uma pedra que rola descendo as paredes de um precipício”. Alguém sussurra seu nome, e a loba se agita.

Imagens de referência para a Loba – fonte: Pinterest

É hora de voltar para casa. A noite chegará mais cedo, hoje. Mas o caminho está inexplicavelmente vazio. Próximo à cerca da mata preservada, os animais caminham ao lado dela, quase mimetizando suas atitudes. Uma sombra se move em espiral junto com ela. De repente, um par de olhos cor de âmbar a encara a milímetros de seu rosto. Ela corre, e na saída do parque, encontra uma placa que nunca tinha visto: “Sempre que entrar nas profundezas, pense nas alturas”.

O Fio Invisível que Une os Mundos

Dois mundos, duas mulheres, um único instante. Uma sacerdotisa em uma dimensão atemporal e uma adolescente em nosso tempo, ambas sentindo os mesmos sinais, o mesmo tremor na teia da existência. A sabedoria ancestral de La Bruja nos ensina que “tudo o que existe, existe a partir do seu duplo”. A floresta e o parque, a bruxa e a menina, são reflexos um do outro, partes de uma mesma alma que o eclipse está prestes a fraturar.

Imagem de referência para o abismo que separa as duas – fonte: Pinterest

O que é o fio invisível que conecta estas duas vidas? A resposta está escrita no céu.

Um Convite à Criação: Astrologia como Linguagem e Oráculo

Este projeto é um resgate da “arte de contar histórias a partir do céu”. Aqui, a astrologia não é um tema, mas um idioma ancestral, uma linguagem que nos permite traduzir a dramaturgia celeste em narrativa. As civilizações antigas sabiam que os mitos não são meras fábulas, mas registros cifrados de eventos astronômicos, e que o céu é um livro vivo, cujas páginas se renovam a cada ciclo.

Ao acompanhar a construção de La Bruja, você não irá apenas memorizar símbolos; você irá testemunhar a transmutação do céu em enredo. Em vez de um curso tradicional, este espaço oferece uma imersão na poética astrológica: você verá como um mapa astral, esse “registro mnemônico da memória do mundo”, se desdobra para revelar a imagem central que guia a vida de uma personagem.

Mais do que isso, este livro é um oráculo em construção. Como ensina a tradição, “ler um oráculo equivale a fabricar um mundo com palavras”. Ao se tornar um assinante, você não apenas colabora para a concretização desta obra, mas participa ativamente dessa “fabricação”. Você terá acesso a um espaço exclusivo onde poderá acompanhar o processo de “desembaraçar os fios da tecedura das Moiras” e ver como, ao recriar a sorte de uma personagem, “reinventa-se o mundo. Cura-se o mundo”.

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Este conteúdo faz parte do universo La Bruja. É destinado a uso pessoal e não pode ser reproduzido sem autorização. A partir da quinta publicação, apenas assinantes terão acesso exclusivo.