Depois de vislumbrarmos o instante em que os mundos de Protéa e Catarina se tocaram sob a sombra do eclipse, é hora de mergulharmos nas profundezas de quem são essas protagonistas. Começamos com a figura que é o ponto de ancoragem de toda a narrativa, a alma ancestral que zela pela teia do tempo: Protéa. Para compreendê-la, precisamos olhar para o céu que a concebeu.

Na dramaturgia celeste de La Bruja, Protéa é a encarnação do planeta Júpiter, o grande benéfico. Conhecido como o “Segundo Sol”, Júpiter representa a magnificência, a sabedoria, a proteção e a expansão. Ele é a força que promove a temperança, a harmonia e os ideais elevados. Protéa, portanto, não é apenas uma bruxa; ela é uma força cósmica de equilíbrio, a guardiã destinada a proteger não só a floresta, mas a própria alma de Catarina.
O Domínio da Guardiã: A Floresta e o Tempo Profundo
Protéa habita a Floresta do Monte Cabezón, na Cantábria, um lugar limitado por um precipício rochoso onde o tempo se manifesta de forma física. Sua casa, pequena e camuflada por musgo por fora, revela um interior imenso e acolhedor, com um grande salão iluminado por um lustre de cristais e repleto de objetos ritualísticos. O centro de seu poder é uma grande janela circular de onde é possível contemplar o céu sem interferências, seja dia ou noite, permitindo-lhe “espreitar o universo”.
Sua relação com o tempo é a sua característica mais definidora. Ela é um ser que transcende todas as instâncias. O tempo, como o conhecemos, não existe para ela; tudo acontece no “agora“: o passado, o futuro e o espaço entre eles. No entanto, sua função está ancorada na Terra, e ao “descer de sua esfera celeste”, seus poderes tornam-se limitados, sujeitos às leis do nosso planeta. Embora seja “aquela que tudo sabe”, essa limitação faz com que, às vezes, ela só consiga “prever somente o sintoma, não a causa”.
O Mapa Celestial de Uma Alma Ancestral
Para dar profundidade a uma alma tão antiga, seu mapa de nascimento foi eleito em um tempo distante: 27 de julho de 948 d.C.. Este mapa revela os pilares de sua essência:
- Um Stellium na Casa de Deus: Protéa nasceu com uma extraordinária reunião de planetas (Mercúrio, Sol, Vênus, Júpiter e Saturno) na Casa 9, a casa da espiritualidade, dos oráculos, das jornadas e da sabedoria superior. Este alinhamento a consagra como a profetisa por excelência, a “guardiã dos oráculos” e a mentora destinada a guiar a alma de Catarina em sua busca pela verdade.
- O Destino de Guardar Tesouros: O Meio do Céu (MC) de Protéa, o ponto que indica seu propósito no mundo, está em conjunção com Thuban, a estrela alfa da constelação de Draco, o Dragão que guardava o Jardim das Hespérides. Essa estrela destina a Protéa o papel de guardiã de “grandes tesouros”, que podem ser tanto materiais quanto espirituais. No caso dela, o tesouro é a própria floresta, um lugar considerado o “coração do mundo”, cujas árvores guardam a história da criação em suas cascas.
- A Estrela da Paciência e Obstinação: No mapa do Eclipse disparador da nossa história, seu Júpiter está em conjunção com a estrela Asellus Australis, o “burro do sul”. Segundo a lenda, os zurros dos burros desta constelação espantaram os titãs, e os deuses, em gratidão, os elevaram aos céus. Esta estrela confere a Protéa uma personalidade caritativa e acolhedora, mas também a obstinação e a paciência de um burro, qualidades essenciais para proteger a alma da floresta através dos milênios.

Protéa em Ação: A Guardiã no Dia do Eclipse
No dia 12 de agosto de 2026, a paz de Protéa é abalada. Ela observa o céu e suas mandalas, e sabe que algo está incorreto. Ela sente um “assentamento de tempo” quando uma grande pedra rola pelo despenhadeiro. O ar sofre uma “paralisia”, e ela sabe que as árvores se comunicam em resposta a um perigo iminente.
Consciente de que o eclipse que se aproxima permitirá que “algo maligno ganhe força”, ela não se desespera. Com a paciência de Asellus Australis e a sabedoria de seu mapa, ela age. De volta ao caldeirão, em meio a uma “bruma fétida” que inunda o ar, ela entoa “cantos antigos com o objetivo de anestesiar e adormecer a mata“. E, enquanto o faz, repete para si mesma o mantra que é sua maior ferramenta de poder, a âncora que a impede de se perder nas trevas que se avizinham.
Protéa é, portanto, a personificação da sabedoria selvagem e ancestral. Ela é a curandeira que conhece os ciclos, a guardiã que não se dobra ao medo e a mentora que, mesmo com poderes limitados, usa seu conhecimento profundo para proteger a vida. É ela quem tece, a partir do seu mundo atemporal, os fios que guiarão Catarina em sua jornada de volta à própria alma.
- Compêndio da Criação, Entrada #3: Catarina, o Sol eclipsadoSe Protéa é a alma ancestral que zela pelo destino, Catarina é o Sol, a força jovem e impulsiva cuja crise existencial desencadeia a trama de La Bruja. Este universo não é apenas uma fantasia; é uma descida ao coração da psique de uma jovem que, aos 16 anos, se encontra no limiar da depressão.A …
Continue lendo “Compêndio da Criação, Entrada #3: Catarina, o Sol eclipsado”
- Compêndio da Criação, Entrada #2: Protéa, a Guardiã do Tempo ProfundoDepois de vislumbrarmos o instante em que os mundos de Protéa e Catarina se tocaram sob a sombra do eclipse, é hora de mergulharmos nas profundezas de quem são essas protagonistas. Começamos com a figura que é o ponto de ancoragem de toda a narrativa, a alma ancestral que zela pela teia do tempo: Protéa. …
Continue lendo “Compêndio da Criação, Entrada #2: Protéa, a Guardiã do Tempo Profundo”
- Compêndio da Criação, Entrada #1: O Mapa FundamentalNa narrativa de La Bruja, dois mundos se entrelaçam durante o eclipse solar de 12 de agosto de 2026. Este evento, situado astrológica e simbolicamente na Casa 8, impulsiona uma crise de escuridão e morte, reverberando nas vidas de Catarina e Protéa. A presença de Saturno articula uma resolução ancestral, moldando a trama e os conflitos a serem explorados.
- A Conexão entre Mundos: A Jornada de La BrujaEm um cenário entrelaçado, Protéa, sacerdotisa em uma floresta atemporal, percebe sinais de um mal iminente, enquanto Catarina, uma adolescente, vive experiências estranhas em um Jardim Botânico. Ambas conectadas por uma sabedoria ancestral, sentem a proximidade de um eclipse que pode fraturar suas realidades interligadas.
Busca