Na nossa primeira incursão no processo de La Bruja, testemunhamos o instante em que dois mundos se tocam. Vimos Protéa, na sua floresta, preocupada com um “assentamento de tempo”, e Catarina, num parque urbano, sendo seguida por sombras e ouvindo um sussurro que a chamava pelo nome. O fio invisível que une estes dois momentos, a força que está prestes a abalar as suas realidades, é um evento real: o eclipse total do Sol de 12 de agosto de 2026.
Este evento não é apenas o pano de fundo da história; ele é a sua semente, o seu DNA. Antes de qualquer personagem ser concebido, este mapa foi eleito como o “mapa fundamental“, o ponto de partida a partir do qual toda a trama, tempo, espaço, conflito e protagonistas, seria construída. Vamos observar juntos este céu que dispara a história.

O Cenário do Conflito: A Casa 8, o Portão do Hades
A primeira coisa que nos chama a atenção no mapa do eclipse, levantado para as 14h36 do dia 12 de agosto de 2026, é o seu palco. O Sol e a Lua encontram-se no 20º grau de Leão, e este encontro ocorre na Casa 8.
Na tradição astrológica, um eclipse já é, por si só, um “fenômeno perturbador da ordem celeste”, um presságio de catástrofes. Quando ele acontece na Casa 8, o seu potencial dramático é amplificado ao extremo. Esta é uma Casa “desprovida de luz, escura e sombria”, associada aos mortos e conhecida como o “portão de entrada do Hades”. É o lugar onde o Sol, o doador da vida, simbolicamente morre todos os dias ao iniciar o seu mergulho para o submundo.
Este cenário astrológico fornece a atmosfera exata para a nossa história: o eclipse não trará apenas uma escuridão física, mas arrastará tanto a floresta quanto Catarina para um cenário de “aflições, perdas, lutos, angústias e preocupações”.
Os Atores Reunidos nas Trevas
O mapa revela que os nossos protagonistas já estão reunidos neste palco sombrio. Juntamente com o Sol (Catarina) e a Lua (a floresta/alma), encontramos na mesma Casa 8 os planetas Júpiter (Protéa, a bruxa-sacerdotisa) e Mercúrio (um animal mensageiro, o gato Deimos). Esta reunião de forças na casa da morte indica que todos os elementos centrais da trama estão intrinsecamente ligados a este evento de crise e transformação.
O eclipse acontece no signo de Leão, um “signo animal”, o que, segundo o astrólogo antigo Rhetorius, “causará danos em terras e animais selvagens”. Esta é a correspondência direta com a “noite sem fim” que se abate sobre a floresta de sequoias e com a doença que se espalha entre os seus habitantes.
O Acordo Ancestral: A Mão de Saturno
O mapa revela, no entanto, que este não é um evento de caos aleatório. A força mais poderosa e antiga da nossa história também está presente, a reger o drama por trás das cortinas: Saturno.
Saturno, o “grande maléfico”, está posicionado na Casa 4, a casa dos ancestrais, do pai e “do pó de onde viemos e para onde voltaremos”, e aspecta o grau do eclipse por um trígono. Na linguagem astrológica, um trígono é um aspecto de harmonia, de cooperação. A interpretação para a nossa trama é crucial: há um “acordo” entre a força ancestral (Saturno) e o evento do eclipse.
Este Saturno está retrógrado no signo de Áries, o que sugere “um retorno de situações ancestrais que devem ser finalizadas para dar início a um novo ciclo”. Ele representa a voz da ancestral, Ayvu Aramê/Theresia Greus, que usa a ocorrência do eclipse para quebrar um ciclo de dor de sete gerações.
Além disso, a presença de Saturno neste “acordo” tem consequências diretas. A tradição afirma que, quando Saturno aspecta um eclipse, ele causa “doenças saturninas e mortes”. Entre as doenças saturninas, encontramos a depressão, os envenenamentos e a asfixia. É exatamente isto que acontece na história: Catarina é arrastada para um quadro de profunda depressão, e a floresta é mergulhada numa “névoa tóxica”.
O mapa fundamental, portanto, não é apenas um ponto de partida. Ele é a sinopse completa de La Bruja, escrita na linguagem do céu. Ele nos mostra:
• O Conflito: Uma crise de escuridão e morte (Eclipse na Casa 8).
• O Cenário: Uma terra selvagem que adoece (Signo de Leão).
• Os Protagonistas: A menina, sua alma e sua guia, todas reunidas no coração do problema (Conjunção em Leão).
• A Causa Oculta: Um trauma ancestral que exige resolução e que usa o próprio eclipse como ferramenta (Saturno em trígono da Casa 4).
Nas próximas entradas do nosso Compêndio, iremos nos aprofundar nos mapas individuais das personagens que nasceram sob a influência deste poderoso e fatídico evento. Começaremos com a guardiã que o observava desde a sua janela circular: Protéa.
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