São Paulo, 07 de Fevereiro de 2023

Lua entre os maléficos

Caro amigo Mercúrio,

Envio esse “psicopombo correio” na esperança de que ele o encontre. Estou perdida em suas terras. Creio que fui encurralada e, neste momento, temo por minha vida.

Como você sabe, há dois dias, promovi uma festa incrível e sem precedentes. O sucesso foi estrondoso. Aliás, senti sua falta. Espero que não tenha ficado zangado com a carta que enviei anteriormente. Você entendeu que era brincadeira, não é?  Quem me conhece sabe que eu adoro o humor ranzinza dos velhinhos.  Até tenho vários amigos anciãos. 

Mas, voltando à festa, você deve estar sabendo que o elixir da caridade foi servido abundantemente a todos os convidados. E eu, claro, aproveitei, pois estava animadíssima com a minha coroação (ideia do Coletivo Delícia)!

E, por estar tão contente, acho que acabei exagerando um pouco no consumo da bebida. As lembranças do que aconteceu após a cerimônia estão um tanto confusas na minha cabeça. Minha última recordação é de luzes girando, muitos risos alegres, brilhos e jubas passando por mim. E aí, blackout!! Depois, me lembro de ser dia claro e eu estar fazendo um café. Parece que ouço a voz de Saturno, não sei. Dizia algo como acabar a luz, tempos de penúria, mágicos irreversíveis… não entendi nada.

Resolvi sair um pouco para caminhar e tomar um ar e me distraí, observando a organização das pedrinhas pelo caminho: incrível como você consegue classificá-las por cor e tamanho. Fantástico! 

Quando dei por mim, percebi que já fazia mais de dez graus que não encontrava ninguém. 

Para piorar, estou avistando, bem lá na frente, uma movimentação suspeita, semelhante a uma blitz. Parece uma barreira com soldados enfileirados em ambos os lados do caminho. Minhas entranhas me dizem que é uma emboscada.

Suplico que me envie ajuda.

Da sua amiga amedrontada,

Lua

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