São Paulo, 17 de Janeiro de 2023

Lua em Sextil ao Sol

Ilustre desconhecido,

Perdoe-me o impulso da escrita, mas fui incapaz de resistir ao mesmo. Espero que o horário não seja inoportuno. Neste momento, não me sinto capaz de pensamentos coerentes. Perceba, querido, se não tenho razão de estar confusa – estava eu caminhando, pensativa, tomada por uma melancolia imensa, pois voltava de um encontro muito difícil, que me havia demandado muita energia. Pois bem, eu caminhava sem prestar atenção ao caminho… 

De fato, caminhava dentro de mim mesma, quando, por um momento, percebi um brilho e um calor assim, de relance. Levantei os olhos e, a mais ou menos uns sessenta passos de onde estava, avistei um ser radiante, dono de um brilho jamais visto, um olhar penetrante e uma postura divina – um astro, obviamente.  Fiquei hipnotizada, completamente embasbacada e muda. Me parece que foi como um estado de choque, mas com uma sensação de torpor, de estremecimento em todo o corpo. Quando dei por mim, já estava aqui, diante deste papel e desta caneta, escrevendo. Sei que parece prematuro, mas sou forçada a confessar meus sentimentos. Estou apaixonada por você. Nunca agi assim antes, acredite, ao contrário, sempre corri de compromissos e caçoei dos que se dizem enamorados. Mas estar ao seu lado fez com que eu me sentisse iluminada, quente e cheia de vida. Se isso não for amor, não sei, então, do que se trata. 

Lindo, não vou me estender muito, pois estou ficando anarética e preciso descansar. 

Rogo que me encontre mais tarde, às 14h33 para cavalgarmos pelas terras do Centauro e, quem sabe, passarmos o resto da nossa existência juntos.

Se estiver receoso, pergunte a quem quiser a meu respeito. Todos me conhecem e podem atestar meu caráter.

Aflita por uma resposta, me despeço

eternamente sua, 

Lua 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *