São Paulo, 17 de Setembro de 2023
Rodolfo,
Alguns pensamentos têm me rondado os últimos dias: é incrível como algumas pessoas passam por nossas vidas, independentemente do tempo que permaneçam, como um sopro – suaves, indeléveis, fugazes. São pessoas de quem, às vezes, nem nos lembramos direito, algumas presentes durante anos e, mesmo assim, incapazes de causar marcas duradouras ou lembranças consistentes.
Já outras parecem chegar como um furacão. Podem permanecer uma noite ou a vida toda, dá igual. São presenças que nos arrastam para águas turbulentas, derrubam nossas certezas, afloram nossos medos, mudam nossos sonhos de lugar. Existe ali uma inquietação, um atrito, mas também uma satisfação. Você, meu amigo, com certeza faz parte da segunda turma.
Lembro-me da primeira vez em que te vi: o seu olhar professoral, seu carisma, sua presença gigante, completamente aterrado, seguro de si, e falando de maneira tão fluída, tão simples, apesar da profundidade dos temas abordados.
E eu fui imediatamente tomada por um sentimento de reconhecimento, como dois amigos que se reencontram após uma longa temporada afastados. Tenho certeza de que esse encontro já estava combinado. Não sei explicar como nem porquê, e nem me interessa fazê-lo. Me interessa mais é que você saiba que eu gosto de você e me identifico, de graça.
Obrigada por ter topado me encontrar nesta existência
Regina