São Paulo, 20 de Setembro de 2023
Pedro,
Esta é uma carta de despedida.
Sim, finalmente criei coragem e juntei meus trapos, como você gosta de falar. Levo comigo só o que consigo carregar. O que sobrou de mim aí, pode queimar, doar, ou fazer o que preferir. Não voltarei para buscar. Quero a bagagem leve. Os pesos, deixo-os para você, que gosta tanto deles.
Foram tantos anos sentada à janela da minha vida que esqueci que me habitava e não percebi morrerem meus propósitos. É que você não sabe, Pedro, o que é sonhar uma coisa que se faz impossível. Porque VOCÊ é aquele torna tudo impossível. Você é a pedra no caminho, o obstáculo intransponível, a âncora, o arrasto… Para cada solução, um problema. Para cada momento feliz, um pesadelo. Para cada chuva, uma goteira.
Não lamento a temporada que passamos juntos, porque as coisas estão sempre certas no tempo, mas, agora, tenho pressa e tenho sede. E sei que você ficará aí, afundado em desalento, resmungando pelos cantos pensamentos paranoicos… mas sabe o quê? Eu não me importo…
Madalena