São Paulo, 26 de Setembro de 2026
Carta aberta aos leitores
Vinte dias após estar sentado à mesa de Perséfone e compartilhar da refeição dos poderosos, venho a público fazer alguns esclarecimentos, aproveitando o holofote conquistado a duras penas.
Primeiro, é importante enfatizar que, mesmo sentado à mesa com o rei, eu não me encontrava em condições habituais. Eram dias em que me sentia tonto e desnorteado. Mesmo assim, não pretendo me eximir de culpa. Confesso que participei de toda a trama secreta da casa doze; no entanto, em condições mais favoráveis, como as de hoje, tais acordos não aconteceriam.
Percebam: o signo da virgem, como o próprio nome diz, tem uma força feminina forte, poderosa, primaveril; é domínio de Perséfone, a que se divide entre o mundo terrestre e o submundo espiritual. Então, quem seria capaz de enganar Perséfone? Se alguém tem culpa pelos últimos acontecimentos, não sou eu. Eu sou apenas o mensageiro. Eu apenas trago as verdades à tona. Isso não tem nada a ver com fofoca, como estão dizendo.
Além disso, vocês esquecem que, há doze dias, rei e rainha se reuniram, enquanto aquela dos cabelos de cobra despontava no horizonte? Não percebem que ela tinha fome de justiça? E que veio decidida a cortar a cabeça de alguns patifes infiéis?
Portanto, para que não reste dúvida, e certo de que nada tenho a temer, declaro, publicamente, minha disposição a selar acordo de delação premiada. Afinal, como disse, sou apenas o mensageiro e, assim como vocês, tenho assistido aos últimos rompimentos amorosos com minha pipoca em mãos. Só ontem, foram três! Mas, corre à boca miúda que quem não se separar até o fim do mês, não se separa mais! Eu corrigiria para “até o fim da lunação”! Por mim, tanto faz.
Só que, enquanto estavam só contaminando as redes com musiquinha enjoadinha de “Chico isso, Chico aquilo”, eu nem liguei. Mas, ontem, foi Sandy e Júnior! Ahhh, aí, já é demais! Onde vamos parar?
Hermès