São Paulo, 01 de Junho de 2023

Lua em queda e sitiada

Cara Dra. Eunice, bom dia,

Escrevo porque, na última noite, tive um sonho estranhíssimo: estava numa casa de praia, aonde eu ia com minha família quando criança. Havia uma espécie de evento acontecendo lá e cada peça da casa era ocupada por algum tipo de serviço. Eu estava procurando alguma coisa que não sei o que era, só sei que eu tinha que encontrar. O clima era meio sombrio, meia luz, paredes velhas e encardidas, algumas portas tortas, apodrecidas, como se a casa estivesse abandonada por muito tempo. Eu entrei sem fazer cerimônias, no que entendi que o imóvel ainda me pertencia de alguma maneira, e comecei a percorrer os cômodos a procura não sei de quê. Em um dos quartos, uma cigana lia as cartas, em outro, pessoas sentadas em um grande sofá de canto bebiam e conversavam, noutro, ainda, havia alguns animais: um papagaio, um gato selvagem e muitos escorpiões. Conforme eu ia entrando, os espaços iam diminuindo e o corredor ficando estreito. Havia lances de escadas que ora eu tinha que subir, ora descer, até que os cômodos se acabaram e restaram somente escadas estreitas, com degraus que se cruzavam, num labirinto sem fim. A confusão era tanta que não era possível saber se eu estava subindo ou descendo pelos degraus. E eu procurava algo e procurava e procurava. E entendi que mergulhava cada vez mais fundo na terra, sem saber se conseguiria voltar, mas seguia na minha busca desesperada. Até que acordei, exausta e com a sensação de ter fracassado em algo, e esta sensação parece que aumenta com o passar das horas. Me diga, doutora, o que devo fazer? Há algum enigma a ser decifrado por trás desse sonho? Como saber o que eu estava procurando? Sinto que vou enlouquecer se não desvendá-lo. Sei que a senhora é especialista neste assunto, por isso é que escrevo.

Grata pela atenção,

Leila

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